terça-feira, 1 de agosto de 2023

RECLAMAÇÕES DE AMOR

Começa a ser intrigante a quantidade de pessoas que nos tempos que correm desejam ser amadas, sinónimo claro de que estão carentes.

Efetivamente, o mundo está parco em nobres sentimentos, daí a agitação social e todas as convulsões em larga escala, que são apenas uma consequência direta do que vem dos núcleos inter-relacionais mais reduzidos, os familiares inclusive.

Reivindicar das outras pessoas o que nos faz falta é sempre mais fácil do que dar aquilo que a elas lhes faz falta. Com o amor não é diferente, sendo que, o mesmo número de pessoas que deseja receber amor, acaba por ser o mesmo que não dá amor.

Esta fórmula é simples de entender, quase matemática na sua base mais elementar, ou seja, se uma pessoa espera receber e a outra também, ninguém dá. Por outro lado, se uma pessoa der e a outra, também, ambas recebem… simples!

As redes-sociais, esse espelho da sociedade, estão pejadas de pedidos – alguns desesperados – de amor, porém, rara é a publicação que se pode encontrar no sentido de se desejar amar, muito rara mesmo.

Frequentemente, o que é bom é sempre mais difícil de obter, porém, no caso do amor, para o receber, nem por isso e só existe uma forma, curiosamente muito prazerosa, que é dando amor.

Se o resultado da nossa dádiva não for o esperado, o simples prazer de dar amor a alguém compensa grandemente, mesmo que mais adiante constatemos que foi dado a quem, eventualmente, não o merecia, pois se dor daí sobrevier, não será certamente por via do amor, mas sim da ingratidão ou algo parecido, pois, o amor não faz sofrer, mas a ingratidão como representante do desamor, sim, faz e faz sofrer muito.

Sair da margem de conforto onde se refugia quem erradamente acredita que o amor faz sofrer e tomar uma atitude ativa perante o mais nobre dos sentimentos, porque amar não é passividade, levando-o a quem dele precisa, é uma tarefa à escala planetária que urge iniciar, caso contrário, todos nós, cidadãos do mundo, corremos o sério risco de perdermos o único propósito da nossa existência, o amor.



Pedro Ferreira © 2023
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