Pode parecer intrigante quando uma pessoa se queixa da necessidade de ser amada — um claro sinónimo de carência afetiva.
Efetivamente, a humanidade tem andado carente de nobres sentimentos. Daí pode advir a agitação social e as convulsões em larga escala, que muitas vezes são consequência direta do ambiente nos núcleos inter-relacionais mais reduzidos — inclusive os familiares —, frequentemente férteis em indiferença face às necessidades das pessoas que nos são mais próximas.
Reivindicar dos outros aquilo que nos falta é sempre mais fácil do que oferecer o que lhes faz falta. Com o amor não é diferente: o mesmo número de pessoas que deseja receber amor é, muitas vezes, o mesmo que não o oferece.
Esta fórmula é simples de entender, quase matemática na sua base mais elementar: se uma pessoa espera receber e a outra também, ninguém dá. Por outro lado, se uma dá e a outra também, ambas recebem. Simples!
As redes sociais — esse espelho da sociedade — estão pejadas de pedidos, alguns desesperados, de amor. Porém, é raro encontrar uma publicação que vá no sentido de o oferecer. Muito raro mesmo.
Frequentemente, o que é bom é difícil de obter. No entanto, no caso do amor, para o receber, basta uma única e curiosamente prazerosa atitude: dá-lo.
Se o resultado da
nossa dádiva não for o esperado, o simples prazer de amar já compensa
largamente, mesmo que, mais tarde, venhamos a constatar que foi dado a quem,
eventualmente, não o merecia. Se daí resultar alguma dor, não será certamente
por via do amor, mas sim da ingratidão ou de algo semelhante. O amor não faz
sofrer. O que faz sofrer é o desamor, representado pela ingratidão e esse, sim,
faz sofrer profundamente.
É
urgente sair da margem de conforto onde se refugia quem, erradamente, acredita
que o amor faz sofrer. É necessário tomar uma atitude ativa perante o mais
nobre dos sentimentos. Porque amar não é passividade: é ação. Levar amor a quem
dele precisa é uma tarefa à escala planetária que urge iniciar. Caso contrário,
todos nós — cidadãos do mundo — corremos o sério risco de perder o único
propósito verdadeiro da nossa existência: o amor.
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