Recorrentemente se ouve dizer que “desistir é coisa de pessoas fracas”. Será?
Ou será que essa “fraqueza” é apenas mais um chavão popular que a vivência contraria? A vida vai-nos mostrando que desistir, por vezes, é um ato de enorme coragem que somente as pessoas mais fortes ousam.
Tantos exemplos de corajosas desistências aqui caberiam, como são o caso das separações de cariz afetivo, que não são outra coisa senão uma desistência, talvez até a mais dolorosa de todas. Geralmente com crianças diretamente envolvidas, sendo certo que o amor de pais e de mães é muito forte, ou seja, a associação entre estas duas realidades, torna a desistência um ato revestido de considerável dramatismo, um cenário difícil que requer uma forte aptidão emocional.
Neste momento, reitera-se a questão se desistir será mesmo coisa de pessoas fracas…
Noutro prisma, menos claro e talvez mais contraditório, o dos sonhos, porque sobre os mesmo, de igual modo, se ouve dizer que não se deve desistir. Será…
Vejamos que os sonhos, tantas vezes, dependem de outras existências para além da nossa, filhos, companheiras/os e demais pessoas próximas, que num rodopio de momentos inexplicáveis de que a vida é feita, acabam sempre por chegar e partir, trazendo e levando consigo os nossos sonhos. Nessas circunstâncias, deve imperar a coragem…, a maior de todas, de dizer basta e desistir da realização do sonho que poderá colidir com a felicidade de quem mais amamos.
A desistência é coisa de pessoas fortes, aquelas que abrem caminho à esperança e nascimento de novos sonhos.
Pedro Ferreira © 2017
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