sábado, 6 de maio de 2023

A VIOLÊNCIA NASCE DA MENTE PERTURBADA

Segundo as mais recentes estatísticas sobre a violência doméstica, nomeadamente referentes a 2022, verificou-se um aumento de 15% dos casos, pelo menos os participados, assim como um substancial aumento de participações no masculino.

Parece não ser surpreendente estes números no global, porque as medidas que nas últimas décadas, em que este fenómeno tem sido mais conhecido, vão num único sentido, da ineficácia. Continua-se a combater a febre, enquanto se vai descorando a infeção.

Por mais evidente que seja, porque toda a violência tem uma causa, que são as mentes perturbadas, infelizmente, parece não ser por aqui que passa o entendimento de quem tem poder para deliberar sobre estas matérias, quiçá, por motivações meramente economicistas, pois, um rastreio nacional obrigatório à robustez mental da população portuguesa acarreta custos, porém, talvez não mais elevados que o da totalidade de “pensos rápidos” que têm sido aplicados e que, conforme se prova, nada resolvem, bem pelo contrário, a situação agrava-se e os estigmas aumentam.

No que concerne ao aumento das participações de violência no masculino, também era expectável, pois, finalmente, se começa a perceber que até ao primeiro estalo de um homem no rosto de uma mulher (1 ponto para as estatísticas tornadas públicas), centenas ou até milhares de agressões verbais e psicológicas sofreu esse mesmo homem que não constarão nessas mesmas estatísticas.

Parece ser o único ponto positivo que emana de infindáveis debates e estudos sobre esta problemática, o facto dos homens, por um lado estarem mais sensibilizados para o seu papel de guerreiros pela salvaguarda da integridade física e mental das mulheres, como, por outro, da sua própria.

Porém, o caminho a percorrer não parece ser este, está tudo errado! Comecemos pelo essencial, a abordagem à mente que promove a violência, numa intervenção primária, envolvendo as pessoas mais próximas que, no fundo, são o melhor barómetro para se aferir de cada realidade e não tomar o problema como um todo, com medidas avulso, de efeito contraditório na maioria dos casos, que somente têm contribuído para a construção de uma autêntica autoestrada para quem quer agredir livremente, porque as penas são tão residuais e tão pouco intimidatórias, que o crime, neste caso em concreto, compensa e até alivia as frustrações de quem o comete.

Enquanto o crime de violência doméstica for considerado somente como uma espécie de pacote de múltiplas ações de agressão, que deverão ser preenchidas na sua totalidade, caso contrário não pressupõe crime, existirão sempre milhões de vítimas no anonimato que não se poderão defender em conformidade com a legislação portuguesa, nomeadamente quando de violência psicológica se trata.

Vamos acreditar, quiçá algures no tempo, alguém com outra visão mais objetiva desta problemática, consiga enxergar o óbvio, que a violência nasce da mente perturbada, exigindo-se uma intervenção primária, logo preventiva e os bons resultados, finalmente, apareçam, no lugar destes que resultam de uma intervenção somente à posteriori quando o mal já aconteceu.


Pedro Ferreira © 2023
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