Existem pessoas invejosas, é certo, há uma consciência coletiva sobre isso. Mas quem são essas pessoas invejosas e como se manifestam?
Estão por todo o lado, mas nem sempre muito visíveis, por isso impondo-se uma redobrada atenção aos sinais, pois não se pode esperar que uma pessoa invejosa use um megafone para deambular pelo mundo a espalhar essa sua característica, será tempo perdido, ninguém o fará porque todo o invejoso é covarde e não tem a coragem de se assumir. Como disse o célebre médico espanhol Santiago Ramón y Cajal, “a inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la”.
Nem sempre é fácil apanhar-lhes os sinais, puxar por aquela ponta solta que fará desenrolar o novelo de inveja em que se enrolam. Por vezes, até os rasgados elogios de quem inveja poderão ser essa ponta solta, nomeadamente quando, por um lado, são proferidos e, por outro, em surdina se deprecia. Manter a reserva para mais adiante se confirmar, ou não, a autenticidade dos mesmos, parece ser a decisão mais sensata.
Porém, o mais comum é que essa ponta solta de inveja resida no facto de quem inveja tentar partilhar mexericos sobre terceiras pessoas, geralmente sobre a vida de pessoas com quem fazem questão de se fazerem acompanhar em público, nomeadamente em eventos sociais variados, proferindo a respeito das mesmas, igualmente em público, os tais rasgados elogios, num aparente refinado trato.
Seja, pois, qual for o tipo de manifestação (ponta solta) que se pegue, quando a inveja impera no íntimo de uma pessoa, mais momento menos momento, será desvendada na sua plenitude, e tudo aquilo que anteriormente eram cores e flores sobre o alvo (bestial), rapidamente passa a negro e cardos (besta).
A luz faz muita confusão a quem vive no lado escuro da vida, mas felizmente a ciência já nos ensinou que é a luz que anula a escuridão.
Pedro Ferreira © 2022
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