Que não sirva de consolo para a vítima, mas tome-se
nota que a criatura psicopata não tem intenções de manipulá-la somente a si,
bem pelo contrário, enquanto o faz, todas as pessoas em seu redor, numa espécie
de peças de xadrez, estão, igualmente, a ser jogadas em proveito próprio, algo
que faz com extrema mestria, autênticos campeões no xadrez da manipulação.
Fazem-no com tal perfeição, que cada peça manipulada
não tem a possibilidade de ver, as outras peças a serem, igualmente,
manipuladas. Cada jogada destas leva cada uma das vítimas ao engano, devido à
forma como é anunciada a cada qual, comummente com a alegação de reverter em
benefício comum, desviando, desta forma, as atenções sobre o que se passa noutros quadrados do mesmo tabuleiro, no fundo, cria-se um ilusório
benefício coletivo, que chega a contemplar a ideia de que o manipulador até sai
da jogada prejudicado, um bom-samaritano, inclusive levando as vítimas a
proferirem agradecimentos cegos pela inocência.
O ideal é que se tenha uma perspetiva vista de cima
sobre o tabuleiro, observando com atenção a forma como todas as peças são
movimentadas, de forma isenta e longe das emoções dos acontecimentos, para que
se possa ter uma noção exata de como joga a criatura psicopata com as pessoas
que a rodeiam. Ao fazer esta leitura, muitas coisas começam a fazer sentido,
pois, afinal de contas, assim constata que benefício algum retira dessas
jogadas, bem pelo contrário, sente-se como se estivesse a ver-se a si própria
como mais uma marioneta de entre muitas nas mãos de um ser perverso, que joga
alto com a vida de quem se cruza no seu caminho, somente para conseguir os seus
mais ambiciosos intentos, que geralmente se resumem a quatro: almas; sexo;
estatuto social; bens materiais, retirados em grandes pedaços de cada uma das
suas vítimas.
Neste jogo do vale tudo, passam de tabuleiro em
tabuleiro, usando e abusando de novas peças, sempre com os mesmos propósitos.
Nisto se resume a triste vida destas criaturas.
Não se crie a ilusão que é possível vencer
este jogo enquanto peça do próprio jogo, há que sair dele o quanto antes, virar
o tabuleiro se for necessário e revelar a desonestidade destes predadores de
vidas, permitindo que dessa forma as demais vítimas, mesmo que tombadas ou
combalidas, jogadas pelo chão, viradas ao contrário ou partidas, não importa,
consigam escapar deste xadrez de horrores.
Pedro Ferreira
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