Existem pessoas
que denotam comportamentos atípicos reveladores de uma mente perturbada, mas
perfeitamente conscientes das suas ações, apresentando-se perante os demais com
um discurso enganador, alegando bastante conhecimento sobre aquilo que, na
verdade, desconhecem, assim como desconhecimento sobre aquilo que, na verdade,
conhecem muito bem.
São pessoas que
utilizam esta espécie de técnicas de baralhar para dominar, em certa medida
aprisionando a sua vítima, pois, esta última, por um lado, é levada a acreditar
que está a “beber” de uma fonte de conhecimento sobre determinado assunto de
interesse comum, numa espécie de encantamento oratório, abrindo a sua alma,
convicta que está a ser devidamente compreendida pela outra parte, quando, na
verdade, está simplesmente a cair na armadilha de se dar a conhecer a quem se
faz de entendido com propósitos obscuros, nomeadamente de obter o máximo de
informação possível sobre a sua vítima, para com isso poder jogar mais adiante;
por outro lado, enquanto a presa se revela, a pessoa perturbada, desta forma,
vai preservando a sua parte, mantendo-se no anonimato, privando a sua vítima de
alguma equidade, ou seja, tornando-a duplamente prisioneira de uma mesma
armadilha, privando-a de conhecer a quem se faz de desentendido.
Nos assuntos da
vida quotidiana, estas pessoas mentalmente perturbadas também manipulam de
forma semelhante. Exemplo prático: numa relação afetiva, se a pessoa que está a
ser vítima sentir que está na altura de adquirirem habitação conjunta, havendo
a necessidade de se operacionalizar procedimentos nesse sentido, é natural que
obtenha como resposta da outra parte, ou o silêncio, ou algo como, “disso não
entendo, nada!”. Que não será outra coisa senão, um claro adiar da decisão e
passar a responsabilidade toda para a vítima, para mais tarde poder alegar que
esta última é que fez questão nesse propósito.
Este jogo de distração,
é enervante para quem está com boas intenções. Acaba por perder a paciência e
ser obrigada a manifestações constantes de desagrado, perto do limite de
exaustão, pois faz tudo por tudo para que as coisas sejam possíveis, convencida
que da outra parte pouca ou nenhuma ajuda poderá obter ao abrigo da premeditada
alegação de falta de entendimento sobre o assunto, mas mesmo assim, com tanto
empenho e dedicação, parece que as coisas não avançam, o que não admira, na
medida em que do outro lado, na verdade, está um puro oponente sempre pronto a
encontrar obstáculos por tudo e por nada.
E não, não andam,
nem nunca andarão interessados em desbloquear os procedimentos inerentes a
qualquer projeto conjunto. Quem assim é, apenas pretende empatar!
A falsidade é uma
constante na vida de uma personalidade desta forma perturbada, a mentira é a
palavra de ordem, por tal, é natural que o seu discurso sobre temas concretos,
seja nesta base, de parecer muito conhecedor por um lado e quase ignorante por
outro, quando é exatamente o contrário que se verifica. Saber lidar
com o contraciclo
a todo o instante é demolidor para quem tem de o fazer, pois, quando acredita
que o caminho é para a direita, é de forma invisível puxado para a esquerda e
vice-versa, tornando-se numa espécie de marioneta nas mãos de quem o manipula
até se fartar e encostar o “brinquedo” a um canto, vendo-se a vítima depositada
de forma desarticulada e disforme, postura típica de alguém que trabalhou tanto
de forma inglória e que agora se sente jogado por terra, exausto e sem
esperança, tudo isto, repetidas vezes, tantas quantas ao manipulador lhe
apetecer brincar.
Causa efeito, é o
sinal! Sempre que as ações, mesmo que aparentemente de acordo entre ambas as
partes, não estiverem a surtir efeito, algo de muito errado se está a passar e
será importante para a vítima que pare de pronto neste primeiro momento, antes
que se estafe por nada! A falta de entusiasmo no alcançar de interesses comuns
é outro dos sinais nestas circunstâncias, pois quem, apaixonado, não anseia por
tudo aquilo que possa contribuir para um projeto de vida a dois e que tal
aconteça o quanto antes? Tudo que é fora destes padrões, é, pura e
simplesmente, falso! Não há intenção da parte perturbada em que as coisas se
concretizem, apenas tem intenção de desgastar, polvilhando os momentos com um
sorriso falso, numa espécie de frete em resposta ao entusiasmo da vítima.
Atenção a todas as
pessoas que passam por isto, pois é das formas de manipulação mais
indecifráveis que existe, muito difícil mesmo de serem percecionadas e que
baralham as ideias da vítima de forma inevitável, por tal, não carece de
sentir culpa quem acreditou e ficou dececionado, porque ninguém está preparado
para ser colocado num perverso jogo que não pediu para jogar, tampouco lhe
conhecendo as regras.
Pedro Ferreira
Parabéns Pedro pela transparência da escrita, pela lucidez do discurso. Quem-haja pela dedicação a uma causa que ainda é tão esquecida e que parece atingir tantas vítimas.
ResponderEliminarMuito obrigado.
ResponderEliminarSeja bem-vinda a este meu novo espaço.
Disponha.
Abraço.