Deve ser um exercício físico e mental muito esgotante para quem diariamente tem de vestir a sua máscara de forma a parecer uma pessoa de bem perante a sociedade, quando, na verdade, não o é, bem pelo contrário.
Revoltante constatação perante esse desfile pelas vias públicas, reais ou virtuais, de pessoas que pela manhã disfarçam com carradas de maquilhagem o semblante de sofrimento interior que o rosto teima em revelar.
São seres mascarrados em torno dos olhos de um lápis de cor negra que não consegue contornar um olhar gélido e distante, espelho de almas cruéis, desprovidas de qualquer empatia.
Vestem "mantos" de patentes finas, porque nada mais convém exibir, nomeadamente as manchas de sujidade na pele de um corpo sujeito a uma vida irreal, farta em farsas e opulência, o sumo extraído de interesses contraídos em múltiplos "matrimónios".
Espalham pela via pública sorrisos que parecem de verdade. O resultado de muitas horas de treino ao espelho que engana os menos atentos.
Tanto sofrimento carregam nestes corpos e tanta destruição nas suas pegadas deixam para trás.
A credibilidade no ser-humano é um problema ancestral, pois nada melhor que uma bela máscara para esconder a maldade.
Pedro Ferreira 2019
Sem comentários:
Enviar um comentário